Um poema de Laura Ferros de Azevedo. Depois de um ano marcado por Gisèle Pelicot, o tema da violência contra mulheres permanece atual e urgente.
Femme, Force, Flamme
Quem não nos deve nada,
Vive estilhaçada num céu escuro,
Constelação que nos guia a casa,
A si, devemos-lhe tudo.
Sabe Madame?
Aqui, partilhavam o que não era seu
ínfima privacidade roubada,
Suprema liberdade violada,
Suficientes para lotar o coliseu.
Resta a tão só vergonha a ruir…
Pesada… Sobre as almas erradas
Recordo as palavras da Madame,
numa ode, estampadas,
Honte à ceux qui nous font souffrir
Madame… ouvi que longe,
A idade de consentimento,
É coisa inócua para se mudar
Que lhes gritem, por favor,
Nove anos é idade de brincar
Não as deixem carregar esta dor.
Aquele que segue o plano maquiavélico,
Exige que em cada alma, um arpão…
Espia Educação como algo infesto,
Mas agora, vê o derrame da sua visão
num corpo que virou protesto.
Na faculdade viu-se a rebeldia
na ascensão d’um contorno angélico
E conforto-me, sabe Madame?
Ele quase que se esquecia…
Aqui dentro corre sangue bélico
Pela Marianne e A Portuguesa,
que toda a Mulher,
Nunca se esqueça desta certeza:
Não somos um corpo que se quer,
Tão pouco uma voz presa,
Nunca, apenas, só Mulher.
Madame,
Vi em si a materialização,
do Olímpo da Resistência.
O nosso retalhado coração,
hoje, bate por emergência.
Madame?
Nous sommes la résistance, à jamais.
Voilà
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