O “Dia da Educação Médica”, promovido e organizado pela Associação de Estudantes da NOVA Medical School (AENMS) a 30 de setembro de 2024, incluiu, na sua programação, uma mesa redonda, que contou com várias personalidades de relevo da faculdade, como a Prof.a Dr.a Helena Canhão, diretora da NMS, o Prof. Dr. Carlos Filipe, coordenador do Mestrado Integrado em Medicina (MIM), a Prof.a Dr.a Emília Monteiro, professora catedrática, o Prof. Dr. Roberto Palma dos Reis, membro do júri e da organização da PNA, e o Prof. Pedro Marvão, membro do gabinete de educação da NOVA Medical School (NMS). Com a moderação de Gonçalo Macedo, diretor de Política Educativa da AENMS, a sessão permitiu explorar e aprofundar temas pertinentes para a comunidade educativa, como os objetivos de aprendizagem, os métodos pedagógicos e as formas de avaliação do atual plano curricular, e do futuro plano, cuja implementação estará “para breve”.
O plano curricular de 2011 (não em vigor atualmente) abriu a discussão, com Emília Monteiro a afirmar que foi a partir deste e dos aperfeiçoamentos que precisava que surgiu o atual plano, como a necessidade de integrar melhor algumas matérias como a histologia, mantendo a visão de aumentar e adiantar a prática clínica “à custa de alguma matéria teórica”. Este tópico é depois abordado na ótica de Helena Canhão, que justifica as mudanças de plano com o argumento de que “a aprendizagem da medicina é dotada de uma grande evolução, com muito novo conhecimento que tem de ser integrado e aprendido, sem nunca comprometer a aprendizagem do que é o dia a dia de um médico”. Com esta premissa, “as reformas são pensadas tendo por base a transformação de uma pessoa num médico capaz de ver o outro, ser empático e saber estudar, e também por base na necessidade de adaptar as unidades curriculares (UCs) ao conhecimento atual e relevante”.
Assim, a visão da diretora é a de que é necessário incorporar tecnologias, AI, skills humanas e raciocínio clínico para adaptar o ensino da medicina à nossa geração, visão esta que espera ser posta em prática em breve. Carlos Filipe adiciona, sobre o plano de 2011, que este foi imposto à faculdade aquando da atualização de Bolonha, e que a faculdade foi “mais além”. 2022 serviu então para resolver redundâncias e lacunas de matéria, bem como desenvolver uma sequência de aprendizagens sucessivas. Todos concordam que o produto final de um plano curricular deve ser formar um clínico com capacidade de se diferenciar. Adiantam que este poderá ter um acréscimo nas oportunidades de discussão de artigos e casos clínicos, integrando-os com os conteúdos a aprender.
A conversa progride para as metodologias de avaliação, com Pedro Marvão a defender as metodologias (problem-based learning) PBL, (team-based learning) TBL (case-based learning) CBL, que, apesar de ainda não haver estudos a comprovar a eficácia de todas estas metodologias, a PBL já mostrou, em comparação com as metodologias tradicionais, ter melhores resultados no trabalho em equipa, raciocínio clínico e na forma de abordar problemas, sem descurar que o contexto em que esta é aplicada influencia os resultados obtidos.
Sobre a Prova Nacional de Acesso (PNA), Roberto Palma dos Reis partilha connosco que, ao avaliar capacidades clínicas (comparando-a com a prova anterior), novos desafios são impostos às escolas médicas sobre a forma como ensinam os seus alunos. Destaca três formas de “saber”: teórico: compreende a matriz de estudo, fazer: prática e procedimentos e ser: “a arte da medicina”, sublinhando a última forma como aquela que os doentes mais se importam e mais estão capacitados para avaliar.
Um dos temas mais atuais e que mais interessa à maioria dos alunos pela sua necessidade de organizar o tempo de estudo foi também abordado: as aulas teóricas online ou presenciais. A diretora abordou este tema de forma muito simples: “depende da metodologia – se não houver integração de conteúdos, ou seja, se for uma aula 100% expositiva, então não vale a pena ser presencial”. Utilizando o conceito anteriormente enumerado por Palma dos Reis, Carlos Filipe ressalva que “as aulas teóricas só passam saber teórico” e que devem ser usadas metodologias diversificadas, capazes de “chegar a mais alunos”. Ainda sobre assunto, Emília Monteiro diz-nos que “o professor é importante para selecionar, integrar e adaptar a informação, o que pode ser feito numa aula gravada”, mas que é também imperativo “ensinar a saber pensar”. Assim, propõe um equilíbrio entre as várias metodologias de ensino e a comunidade, com uma grande variedade de docentes, uns mais académicos, outros mais práticos, equilíbrio este que procurou ser feito nas aulas práticas interativas.
No final da mesa redonda, os oradores tiveram a oportunidade de responder a algumas perguntas do público, como qual a razão de não ser possível obter feedback facilmente e de forma gratuita às perguntas erradas nos exames finais e sobre como colmatar algumas desigualdades nos estágios clínicos. Pedro Marvão respondeu à primeira, considerando desnecessário esse acesso facilitado uma vez que “não seria útil após o aluno já ter concluído a unidade curricular”. Helena Canhão e Emília Monteiro responderam à segunda, assegurando que estão a ser revistos todos os protocolos para que seja possível uma maior homogeneidade na exposição a diferentes patologias, e sublinhando que o facto de a faculdade ter estágios e locais tão diversos é uma vantagem para o aluno. Foi também revelado que o futuro plano terá mais UCs opcionais, o que permitirá aos alunos aprofundar e experimentar áreas do seu interesse.
Por fim, foi pedido aos alunos que aumentem a sua participação no preenchimento dos questionários de avaliação (tendo sido sugerido pelo público que estes devessem ser otimizados), e foi também divulgado que em breve ocorrerá uma apresentação sobre o novo campus e a dinâmica das aulas, com a promessa que serão feitos esforços para facilitar a mobilidade dos alunos.
Cobertura realizada por Matilde Marques, Editora-Chefe da FRONTAL, a 30 de setembro de 2024
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