A Situação Médica em Gaza

Nota: Este artigo foi originalmente escrito no início de 2024, sendo que a informação nele contido está atualizada apenas até Fevereiro de 2024. O atraso na sua publicação deveu-se a problemas de manutenção no website da Revista Frontal.

A situação médica em Gaza

Com um possível cessar-fogo iminente, tendo sido aceite pelo Tribunal Internacional de Justiça a acusação formal de genocídio, por parte da República da África do Sul, perpetrado pelo estado de Israel ao povo Palestiniano1,2, e decretadas medidas provisórias a Israel no âmbito da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio3 (da qual Israel até é signatário) é relevante retirar um momento para refletir sobre o que aterroriza as populações mais vulnerabilizadas pela guerra. Para estes efeitos, é de particular importância recordar e documentar a crise médica, absolutamente catastrófica, que se abate sobre a Faixa de Gaza.

Prelúdio

Após “75 anos de Apartheid, 56 anos de ocupação e 16 anos de bloqueio [naval, aéreo e terrestre]”2,  ocupação e terrorismo de Estado por parte da entidade sionista e após inúmeras advertências por parte da ONU4,5,6 sobre as condições e violência às quais Israel submetia a população Palestininana que subjuga, o cataclismo foi catapultado pelos ataques ocorridos a 7 de outubro a populações israelitas que em paz viviam em redor de uma prisão a céu aberto.

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Entretanto, a situação médica em Gaza já se encontrava à beira do colapso. Em 2023, para uma população de dois milhões de habitantes (onde metade são crianças) concentrada numa área de 365 quilómetros quadrados, existiam apenas 35 hospitais completamente funcionais e apenas 3412 camas hospitalares para servir toda a população. Isto indica um rácio de apenas 1,55 camas por cada mil habitantes.7  

Ao longo da História a situação só tem vindo a piorar. Mesmo após a retirada de tropas e colonos israelitas da faixa de Gaza em 20058, o território tem estado sempre dependente da autoridade sionista.

 A partir de 2007, desde que a organização política e militar “Movimento de Resistência Islâmica”, coloquialmente conhecido por “Hamas”, tomou controlo político e militar indefinido do território (após uma inicial vitória eleitoral nas suas primeiras e únicas eleições, seguida de um curto confronto militar com o partido político secularista Al-Fatah) que Israel lhe impôs um completo bloqueio territorial, prevenindo a livre circulação de pessoas e de bens (o que na prática inclui profissionais de saúde e equipamento médico) com o mundo exterior. “Hamas” é classificado como terrorista por Israel, União Europeia, Reino Unido, E.U.A, Austrália e Japão, bem como numerosos órgãos de imprensa9 e organizações como a Amnistia Internacional10 após a utilização de táticas como ataques suicidas11,36. Esta macabra forma de combate é usada, sobretudo, como forma desesperada de retaliação a ataques Israelitas12. “Hamas” também é condenado por alvejar indiscriminadamente alvos civis13, incluindo por via de rockets.

A situação económica em Gaza tornou-se quase apocalíptica. Em 200714 50% da população encontrava-se na situação de desemprego, 79% abaixo do limiar de pobreza, 49% em pobreza extrema e 80% da população dependia de assistência humanitária de organizações como a UNRWA (que ao longo de 4 meses de guerra tem sido desacreditada pelos E.U.A, Israel e organizações sionistas15,16) e a WPF. Este estrangulamento económico, naturalmente, teve efeitos deletérios na sua prestação de cuidados de saúde. Isto num sistema já debilitado por décadas de ocupação.

A retirada em 2005 não preveniu a continuidade de incursões militares na região. Em 2008 fez-se a “Operação Chumbo Fundido”, conhecida pelo mundo árabe como o “Massacre de Gaza”. A OMS estimou que dos 122 estabelecimentos de saúde analisados, 48% viram-se danificados ou destruídos e 2 centros de cuidados de saúde primários foram totalmente destruídos.17 O Ministério da Saúde da Palestina relatou 1300 mortes, 910 dos quais civis. Israel relatou 1100 e 250, respetivamente. 

Com isto, um dos focos das organizações humanitárias na região foi o tratamento psicológico e de trauma. Segundo Malene Sonderskov, coordenadora da organização DanChurchAid Middle East, isto justifica-se, visto que o trauma forma a raíz de outros problemas como pobres hábitos alimentares, falta de motivação e a vulnerabilidade àqueles que procuram novos recrutas para atos de violência.18 

“Gaza tem a maior prevalência de crianças traumatizadas no mundo”.

 O sistema de saúde foi colocado ao teste num agoiro do que estaria por vir.

Mesmo em 201619 falava-se da falta de blocos operatórios, equipamento básico e, sobretudo, de combustível não só para aquecimento e o funcionamento de geradores (dados os apagões frequentes), mas também para o funcionamento de ambulâncias e remoção de resíduos sólidos. A ausência de combustível também tem um particular efeito na prestação de cuidados de saúde elementares, bem como a prestação de um bem tão essencial como a água potável, à qual nessa altura apenas 10% da população tinha acesso.20 Dadas estas condições, as populações eram obrigadas a recorrer às difíceis travessias de Rafah, a Sul, para o Egito, e de Erez, no norte de Gaza, quer para Israel, quer para a Cisjordânia. A primeira foi fechada em 2013 para apenas ser aberta em ocasiões fortuitas com fortes limitações de quantas pessoas a poderiam atravessar (para todos os efeitos impossibilitando-a) enquanto a última estava ligada a um longo processo burocrático dependente de autorizações de entrada por parte de Israel. De forma arbitrária, ao longo dos anos, cada vez menos autorizações foram sendo garantidas. Além disto, cada vez mais os aplicantes viram-se alvo de interrogatórios além dos procedimentais rastreios de segurança.19 

Outubro

A 7 de outubro foi anunciada a operação denominada “Tempestade Al-Aqsa” (como resposta aos ataques à mesquita de Al-Aqsa e outros locais sagrados na Cisjordânia37,38) do “Hamas” em redor de Gaza. Ao contrário da narrativa popular, a guerra não é só contra o “Hamas”, apesar das suas forças militares, as brigadas Izz al-Din al-Qassam, serem as mais preponderantes no conflito. Do lado Palestiniano estão em combate: a “Jihad Islâmica”; a “Brigada dos Mártires de Al-Aqsa” ligada ao partido Fatah39 (que anteriormente foi mencionado ter estado em guerra civil com o próprio “Hamas”!) o movimento Mujahedeen Palestiniano; a Frente Democrática Pela Libertação da Palestina (FDLP) e a Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP)33,34, sendo as duas últimas organizações comunistas. Assim sendo, a guerra não deve ser considerada como Israel-Hamas, mas sim Israel-Palestina, visto que essencialmente todas as organizações políticas Palestinianas estão em guerra com Israel. Longe de ser apenas “terrorismo motivado pelo fundamentalismo islâmico”, como já se tentou contextualizar, este ato foi o culminar de décadas de ressentimento a uma potência belicista e colonizadora da região. A tragédia sucedeu-se: Dados mais recentes32  apontam para 1139 mortos perpetrados pelo ataque, dos quais 695 civis israelitas, 373 forças de segurança e 71 estrangeiros. 36 crianças morreram. 

Com o início da guerra foi imediatamente anunciado21  o corte total de água e eletricidade à Faixa de Gaza, algo que foi considerado pela ONU22,23,24 como uma forma de “punição coletiva”, algo que é conhecido como um crime de guerra. 

“Ajuda Humanitária a Gaza? Nenhum interruptor elétrico será ligado, nenhuma bomba de água será aberta e nenhum camião com combustível irá entrar até todos os israelitas raptados voltarem a casa”25,26 – Israel Katz, ministro da energia via X (conhecido anteriormente como Twitter).

Tornou-se relativamente comum ministros israelitas anunciarem crimes contra a Humanidade, publicamente, e de uma forma tão explícita que é capaz de envergonhar a vagueza linguística empregada em quase todos os outros genocídios cometidos ao longo da História. Israel nem se dá ao trabalho de usar eufemismos.

“Eu ordenei um cerco total a Gaza. Não haverá eletricidade, nenhuma comida, nenhum combustível, tudo estará fechado. Estamos a combater animais humanos e agiremos de acordo.”27,28,29 – 9 de outubro, Yoav Gallant, Ministro da Defesa.

Com isto anunciado, hospitais em Gaza relataram apenas 3 dias de combustível30 para os seus geradores. O hospital de Al-Shifa, dos maiores hospitais em Gaza, relatou apenas 2.31

Apenas até 12 de outubro, em 5 dias, 1537 Palestinianos morreram e 6612 ficaram feridos em Gaza. Foram registados 34 ataques à infraestrutura médica com a morte de 11 profissionais de saúde. 12 funcionários da UNRWA morreram devido a mísseis israelitas. 6 dos 7 principais hospitais estavam à beira da rotura e apenas a funcionar parcialmente. O hospital Beit Hanoun tornou-se inoperável devido aos bombardeamentos ao seu redor e o hospital de Al-Shifa tinha 90% das suas camas ocupadas. Apesar da guerra ser em Gaza, a Cisjordânia também foi atacada 42 vezes, afetando 42 ambulâncias e 28 envolvendo a obstrução da prestação de cuidados de saúde. Mais do que numa zona ativa de guerra. Também se observou 20 casos envolvendo violência física contra profissionais de saúde, 11 envolvendo a sua detenção e a de ambulâncias31. Mais evidências de punição coletiva.

A 13 de outubro, o Hospital Pediátrico de Al-Durrah foi atacado por Israel com a utilização do internacionalmente condenado fósforo branco.48,44,50,52,53 Não é a primeira vez que este hospital é atingido, tendo sido bombardeado já a 7 de abril, antes da guerra começar, num ataque aéreo atingindo também áreas residenciais.45 Também não é a primeira nem a última vez que Israel usa fósforo branco contra áreas residenciais em Gaza46,51,58 , tendo sido extensivamente usado na anteriormente mencionada “Operação Chumbo Fundido.”47,54 O Líbano também foi atingido,47,56  incluindo com armas de fabrico estadunidense.55,57 Israel negou sempre as acusações da sua utilização.59

A 14 de outubro, às 19:30 (EEST), o Centro de Tratamento para o Diagnóstico de Cancro,  referido como a “jóia da Coroa”, do  hospital Al-Ahli, gerido por cristãos anglicanos, foi atacado por um míssil Israelita.40 Este hospital veio a servir de refúgio para cerca de um milhar de Palestinianos afetados pelos bombardeamentos israelitas diários desde 7 de outubro.66

A 17 de outubro ocorreu uma explosão no parque de estacionamento do pátio do mesmo hospital41. Centenas de pessoas morreram. O Ministério da Saúde de Gaza aponta para 47160 vítimas, sendo este valor contestado pela ONG “Human Rights Watch”61, dado o “elevado rácio de mortos e feridos” e por relatórios de serviços secretos estadunidenses apresentados pela CNN62 relatarem entre 200 a 300 vítimas. Mais tarde no dia foi dada uma conferência de imprensa por médicos do hospital completamente rodeados de cadáveres.72,73 

“Nós tínhamos estado a operar durante todo o dia e eu tomei a decisão de dormir no hospital. No fim da tarde, após terminar uma cirurgia nós ouvimos um barulho alto, penetrante. Quando eu saí para a rua eu vi montes de corpos de crianças, alguns tinham sido amputados… Havia pedaços de corpos e cadáveres por todo o lado nos corredores do hospital”.

A sua causa é contestada. O consenso Ocidental aponta para um lançamento falhado de um míssil vindo da faixa de Gaza, algo que é avançado pela CNN71, Associated Press74,The Economist.67 Investigações por parte das agências de informação e espionagem (serviços secretos) dos E.U.A, Israel, França, Reino Unido e Canadá acusam a “Jihad Islâmica” de ser a responsável. Esta e o “Hamas” dizem que foi um bombardeamento Israelita. A reação do mundo árabe foi de imensa contestação a Israel.

Publicamente na CNN68 e na BBC69, um porta-voz Israelita, o tenente coronel Peter Lerner, mostrou fotos de um vídeo da Al-Jazeera para tentar comprovar que o míssil seria da Jihad Islâmica. Uma investigação por parte da organização “Forensic Architecture”, baseada na Universidade de Londres, veio a desmentir esta afirmação utilizando modelagens de trajetória 3D, acusando mesmo Israel de desinformação.70 Qual seria a necessidade de mentir sobre isto? Porque é que a CNN e a BBC deixariam passar essa desinformação nos seus noticiários? Porque é que os valores das vítimas calculados por serviços secretos ocidentais são tão díspares dos valores da autoridade Palestiniana?

Dada a afinidade histórica dos E.U.A a Israel, qualquer dado apresentado deverá ter em consideração os interesses que os E.U.A. têm para a região. A possibilidade de manipulação de informação para favorecer aliados geopolíticos não deverá ser excluída. O mesmo se aplica a qualquer fonte governamental ou até mesmo de imprensa cujos interesses financeiros estão ligados aos avanços geopolíticos dos vários intervenientes no conflito. A dúvida que rodeia o bombardeamento do hospital de Al-Shifa berra o aviso de que na guerra a verdade é a primeira a morrer. Da minha parte só me compete apresentar o máximo de fontes e visões possíveis dos acontecimentos.

“Se olharmos para o Médio Oriente acho que já é altura de nós pararmos, aqueles de nós que apoiam (tal como a maioria de nós apoia) Israel, neste órgão [o Senado], de pedir desculpa pelo nosso apoio a Israel. Não há nenhum pedido de desculpas a ser feito! Nenhum! É o melhor investimento de 3 mil milhões de dólares que fazemos! Se não existisse um Israel os Estados Unidos da América teriam de inventar um Israel para proteger o seu interesse na região. Os Estados Unidos teriam de ir por aí fora inventar um Israel […]” – Joe Biden, atual Presidente dos E.U.A em declaração ao Senado a 5 de junho de 1986.63

Estará a autoridade Palestiniana a inflacionar o número de cadáveres do seu próprio povo como revistas de viés pró-sionista como o Tablet79, num artigo partilhado pelo próprio AIPAC80 (o American Israel Public Affairs Committee, um grupo de lobbying bipartidário pró-Israel), Israel e Joe Biden acusam?75,78

“Eu não tenho nenhuma noção de que os Palestinianos estão a contar a verdade acerca de quantas pessoas estão a morrer. Eu tenho a certeza que inocentes foram mortos e esse é o preço de conduzir uma guerra.” “Mas eu não tenho nenhuma confiança no número que os Palestinianos estão a usar.” – Joe Biden.

O Conselho sobre Relações Islâmico-Americanas condenou imediatamente estas afirmações “chocantes e desumanizantes.”76 Entretanto, a revista científica médica “The Lancet”, à qual os estudantes da NOVA Medical School têm acesso, publicou uma revisão que chega à conclusão que não há indícios de números inflacionados por parte da autoridade Palestiniana.77 Também achei relevante (para quem estiver mais inclinado para uma análise estatística) este artigo81, que embora menos creditado por ser um artigo do Medium, procura desmentir o Tablet.

“Os dados não mentem, as pessoas é que sim.”.

Janeiro / Presente

Nos relatórios da OMS, a 30 de janeiro de 2024, registam-se na faixa de Gaza 26901 pessoas mortas (70% mulheres e crianças) ,65949 feridas, 7780 desaparecidas e 1.7 milhões de pessoas deslocadas.

Enquanto que Israel tem um sistema de saúde universal e eficiente, o sistema de saúde da Palestina sempre teve dificuldade em responder a toda a demanda dos seus cidadãos. A saúde na Palestina não se apresenta centralizada nas duas regiões, uma vez que o governo Hamas apresenta o seu próprio ministério da saúde.[65]

Contam-se 36 hospitais na Faixa de Gaza, mas apenas 13 deles estão a funcionar neste momento (e parcialmente) . Existem 3 Hospitais de Campanha a operar e apenas 18% dos centros de saúde conseguem manter a sua atividade (13 em 72). Esta carência de unidades de saúde funcionais é sintomática dos ataques que têm sido efetuados pelo estado de Israel diretamente a estas infraestruturas. São contados 342 ataques que já causaram a morte de centenas de profissionais de saúde. A proteção destas estruturas durante um conflito bélico está assegurada através da legislação humanitária internacional, que refere que o ataque a unidades de saúde é um crime de guerra por definição. 

Os palestinianos assistem a uma falta crítica de água, medicamentos e equipamentos médicos, associados a uma ruptura na operação de equipamentos dependentes de eletricidade. No que respeita à saúde materno-infantil, são registados cerca de 183 nascimentos diários. É de notar que muitos destes nascimentos são bebés prematuros, cerca de 130 diariamente, e que dependem de incubadoras. A maioria destes equipamentos encontram-se no norte, e necessitam de eletricidade.

Adicionando a falta de água, medicamentos e alimentos ao ambiente apocalíptico vivido por este povo, o risco de propagação de doenças infecciosas aumentou significativamente. São registadas centenas de milhares de casos de infecções respiratórias agudas, casos de diarreia e parasitoses, que correspondem a uma emergência de saúde pública.[64]

Um estudo recente da London School of Hygiene and Tropical Medicine estimou que, mesmo existindo um cessar-fogo imediato, ocorrerão 6550 mortes nos próximos 6 meses (até agosto), devidas maioritariamente a doenças infecciosas. Este número sobe para 58260 mortes se assumirmos que o cessar-fogo não ocorrerá [65].

 É de importante relevância notar que Gaza é rodeada por Israel a leste e ao norte, sendo apenas possível escapar esta prisão pelo sul, na fronteira com o Egipto. À data da escrita deste artigo, localizam-se cerca de 1 milhão e meio de refugiados na zona de Rafah, a cidade mais a sul da Faixa de Gaza, na fronteira. e apesar da resistência ao influxo de palestinianos por parte das autoridades egípcias, já foram recebidos 1445 doentes e 9013 acompanhantes neste país. Este número tem tendência a subir, uma vez que o governo de Israel ameaça avançar numa ofensiva terrestre de larga escala a Rafah, região que outrora fora considerada pelos invasores uma “zona segura”.

Em resposta à violência imposta por Israel para com os Palestinianos, a OMS recomenda um cessar-fogo imediato e a abertura de mais corredores humanitários. Assim como esta posição é tomada pela OMS, é também imprescindível que os profissionais de saúde de todo o mundo demonstrem solidariedade, exigindo uma tomada de posição que contribua para a pressão internacional para um cessar-fogo imediato.

Fontes:

[1] https://www.un.org/unispal/wp-content/uploads/2023/12/192-20231229-pre-01-00-en.pdf

[2] https://www.courthousenews.com/wp-content/uploads/2023/12/South-Africa-v-Israel.pdf

[3] https://www.icj-cij.org/sites/default/files/case-related/192/192-20240126-ord-01-00-en.pdf

[4] https://news.un.org/en/story/2023/07/1138427

[5] https://www.cbc.ca/news/world/unhrc-report-gaza-israel-border-1.5067280

[6]https://www.ohchr.org/en/press-releases/2018/04/un-rights-experts-condemn-israels-response-palestinian-protests-gaza

[7] https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S0140-6736%2823%2902634-X

[8] https://reliefweb.int/report/israel/why-israel-pulling-out-settlers-gaza-west-bank

[9]https://www.adl.org/resources/blog/responsible-reporting-labeling-hamas-terrorist-organization#_edn1

[10] https://www.amnesty.org/en/wp-content/uploads/2021/07/mde150062009en.pdf

[11]https://embassies.gov.il/MFA/FOREIGNPOLICY/Terrorism/Palestinian/Pages/Suicide%20and%20Other%20Bombing%20Attacks%20in%20Israel%20Since.aspx

[12] https://www.jstor.org/stable/3844485

[13]https://www.theguardian.com/world/2023/nov/30/jerusalem-bus-stop-shooting-attack-killed-injured

[14] https://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/A61/A61_ID4-en.pdf

[15]https://docs.house.gov/meetings/FA/FA06/20231108/116556/HHRG-118-FA06-Wstate-NeuerH-20231108.pdf

[16]https://www.aljazeera.com/features/2024/1/31/israels-allegations-unrwa-effort-eliminate-agency

[17] https://www.un.org/unispal/document/auto-insert-204309/

[18] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2653578/pdf/20090317s00009p608.pdf

[19] https://www.btselem.org/gaza_strip/20161211_gaza_patients

[20] https://www.worldbank.org/en/news/feature/2016/11/22/water-situation-alarming-in-gaza

[21]https://www.theguardian.com/world/2023/oct/12/no-power-water-or-fuel-to-gaza-until-hostages-freed-says-israeli-minister

[22] https://news.un.org/en/story/2023/10/1142572 

[23]https://www.aljazeera.com/news/2023/10/24/un-chief-says-clear-violations-of-international-humanitarian-law-in-gaza

[24]https://reliefweb.int/report/occupied-palestinian-territory/israel-immediately-restore-electricity-water-aid-gaza-enar

[25]https://www.timesofisrael.com/liveblog_entry/energy-minister-no-electricity-or-water-to-gaza-until-abductees-returned-home/

[26]https://www.aljazeera.com/news/2023/10/12/no-electric-switch-will-be-turned-on-until-captives-free-israel-says

[27] https://www.youtube.com/watch?v=-hIW0inBUq8

[28]https://www.timesofisrael.com/liveblog_entry/defense-minister-announces-complete-siege-of-gaza-no-power-food-or-fuel/

[29]https://www.huffpost.com/entry/israel-defense-minister-human-animals-gaza-palestine_n_6524220ae4b09f4b8d412e0a

[30]https://www.smh.com.au/world/middle-east/the-gaza-hospitals-with-just-three-days-of-generator-power-left-20231011-p5ebkq.html

[31]https://www.emro.who.int/images/stories/palestine/oPt-emegency-situation-report-issue_3.pdf

[32]https://www.france24.com/en/live-news/20231215-israel-social-security-data-reveals-true-picture-of-oct-7-deaths

[33] https://flashpoint.io/blog/israel-hamas-war-military-and-terrorist-groups/

[34] https://www.youtube.com/watch?v=-rJIv94zwn0

[35] https://pcb.org.br/portal2/30961

[36] https://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/19370679.2012.12023205

[37] https://www.setav.org/en/what-is-the-significance-of-hamass-al-aqsa-flood-operation/

[38]https://www.aljazeera.com/news/2023/10/4/israeli-settlers-storm-al-aqsa-mosque-complex-on-fifth-day-of-sukkot

[39]https://www.timesofisrael.com/senior-fatah-official-justifies-oct-7-massacre-as-defensive-war-against-israel/

[40]https://www.anglicannews.org/news/2023/10/anglican-run-al-ahli-arab-hospital-in-gaza-damaged-by-israeli-rocket-fire-as-conflict-continues.aspx

[41]https://www.nytimes.com/2023/10/18/world/middleeast/gaza-hospital-deaths-aftermath.html

[42]https://www.newarab.com/news/gaza12-unrwa-staff-killed-enclave-amid-israel-hamas-war

[43] https://twitter.com/UNRWA/status/1712393197622624434

[44]https://www.egypttoday.com/Article/1/127663/Israel-targets-children%E2%80%99s-hospital-in-Gaza-with-int%E2%80%99lly-prohibited-white

[45] https://english.wafa.ps/Pages/Details/135242

[46]https://www.aljazeera.com/news/2023/10/13/what-is-the-white-phosphorus-that-israel-is-accused-of-using-on-gaza

[47]https://www.aljazeera.com/news/2023/10/13/what-is-the-white-phosphorus-that-israel-is-accused-of-using-on-gaza

[48]https://edition.cnn.com/middleeast/live-news/israel-news-hamas-war-10-14-23/h_984664bdc29fb72067e503e238db7cbc

[49]https://www.hrw.org/news/2023/10/12/questions-and-answers-israels-use-white-phosphorus-gaza-and-lebanon

[50] https://tass.com/world/1690449

[51]https://www.amnesty.org/en/latest/news/2023/10/lebanon-evidence-of-israels-unlawful-use-of-white-phosphorus-in-southern-lebanon-as-cross-border-hostilities-escalate/

[52]https://www.aa.com.tr/en/middle-east/palestinian-death-toll-from-israeli-attacks-on-gaza-reaches-1-900-including-614-children/3018813

[53] https://english.wafa.ps/Pages/Details/138273

[54]https://foreignpolicy.com/2023/10/19/white-phosphorus-israel-gaza-human-rights-war-crimes-un-icc/

[55]https://www.washingtonpost.com/investigations/2023/12/11/israel-us-white-phosphorus-lebanon/

[56]https://www.amnesty.org/en/latest/news/2023/10/lebanon-evidence-of-israels-unlawful-use-of-white-phosphorus-in-southern-lebanon-as-cross-border-hostilities-escalate/

[57]https://www.haaretz.com/israel-news/2023-12-11/ty-article/israel-reportedly-used-u-s-made-white-phosphorus-bombs-in-southern-lebanon/0000018c-5957-df2f-adac-ff7fcbb80000

[58]https://www.reuters.com/world/middle-east/human-rights-watch-says-israel-used-white-phosphorous-gaza-lebanon-2023-10-12/

[59]https://time.com/6323482/israel-white-phosphorus-gaza-lebanon/

[60]https://reliefweb.int/report/occupied-palestinian-territory/hostilities-gaza-strip-and-israel-flash-update-12-enarhe

[61]https://www.hrw.org/news/2023/11/26/gaza-findings-october-17-al-ahli-hospital-explosion

[62]https://www.cnn.com/2023/10/19/politics/us-intelligence-assessment-gaza-hospital-blast/index.html

[63]https://www.c-span.org/video/?c4962369/user-clip-joe-biden-israel-usa-invent-israel-protect-interest-region

[64[https://www.emro.who.int/media/news/risk-of-disease-spread-soars-in-gaza-as-health-facilities-water-and-sanitation-systems-disrupted.html 

[65]https://gaza-projections.org/

[66]https://nymag.com/intelligencer/2023/10/israel-hamas-war-everything-we-know-about-the-gaza-hospital-blast.html

[67]https://www.economist.com/interactive/the-economist-explains/2023/10/20/what-evidence-reveals-about-the-gaza-hospital-blasts-source

[68]https://archive.org/details/CNNW_20231018_080000_CNN_Newsroom_Live/start/3360/end/3420

[69]https://archive.org/details/BBCNEWS_20231018_090000_BBC_News/start/1020/end/1080

[70] https://forensic-architecture.org/investigation/israeli-disinformation-al-ahli-hospital

[71]https://www.cnn.com/2023/10/21/middleeast/cnn-investigates-forensic-analysis-gaza-hospital-blast/index.html

[72]https://www.timesnownews.com/world/israel-gaza-war-doctors-hold-press-conference-amid-pile-of-dead-bodies-at-al-ahli-hospital-article-104511325

[73]https://www.dailymail.co.uk/news/article-12642403/Gaza-hospital-blast-Palestinian-Israel-horror-explosion-killed-500-people-IDF-says-Islamic-Jihad-failed-rocket.html

[74]https://apnews.com/article/israel-palestinians-hamas-war-hospital-rocket-gaza-e0fa550faa4678f024797b72132452e3

[75]https://www.theguardian.com/world/2023/oct/26/can-we-trust-casualty-figures-from-the-hamas-run-gaza-health-ministry

[76]https://www.cair.com/press_releases/breaking-cair-calls-on-president-biden-to-apologize-for-shocking-and-dehumanizing-remarks-on-palestinian-civilian-casualties/

[77]https://doi.org/10.1016/S0140-6736(23)02713-7

[78]https://www.reuters.com/world/middle-east/biden-says-he-has-no-confidence-palestinian-death-count-2023-10-26/

[79]https://www.tabletmag.com/sections/news/articles/how-gaza-health-ministry-fakes-casualty-numbers

[80]https://twitter.com/AIPAC/status/1774054861711008153


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